domingo, 26 de maio de 2013

Hiperatividade: Não confunda com falta de limites!





Olá amigos, gostaria de falar um pouco para vocês sobre o TDAH, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, um dos diagnósticos mais erroneamente atribuídos a crianças "problema". Tenho tido a oportunidade de observar que chegam muitas crianças na clínica, a maioria encaminhada pela escola, já com o rótulo de hiperativa, tanto dado pela mãe quanto pelas professoras. Mas se a criança não obedece, tem um comportamento bastante ativo, agressivo e inconsequente, como pode isto não ser hiperatividade?

É o que muitas mães e educadores pensam, mas tenhamos em mente que o diagnóstico de TDAH é muitas vezes complexo, requerendo interconsultas e avaliações com vários profissionais pois nem sempre o Psicólogo sozinho é capaz de dar um diagnóstico preciso, sendo em alguns casos a intervenção médica necessária para fazer exames complementares.

Grande parte dos casos que avaliei se mostrava não TDAH, mas outros problemas relacionados a criança e aos pais. Pude constatar que sempre havia alguma deficiência nas relações familiares; por vezes eram fragmentadas, pais separados que ficavam jogando a criança um para o outro sem assumi-la por completo levando a sentimentos de rejeição e dificuldade em estabelecer um referencial para si; netos criados por avós que não sabiam dar limites a essas crianças, sendo permissivos e passivos; filhos de pais com histórico de brigas excessivas ou agressões, alcoolismo; pais ausentes. Todas essas configurações familiares citadas influenciavam no comportamento da criança de modo que ela passa a agir em resposta ao que vivencia no núcleo familiar, manifestando comportamentos indesejáveis na maioria das vezes.




Mas e o tal do TDAH? 

Comportamento impulsivo, dificuldade em terminar alguma atividade, pular de uma atividade para outra num curto espaço de tempo, dificuldade em atender o que lhe é solicitado, são facilmente distraídas por qualquer estímulo, são alguns dos comportamentos característicos de TDAH, mas como foi dito anteriormente é necessária avaliação de um profissional de modo a confirmar o diagnóstico.  

Tem cura esse negócio?

Quando falamos de desordens psicológicas é complicado falar em cura. Muitas são as causas atribuídas ao TDAH, mas existe um consenso de que o componente orgânico é preponderante, Ximenes (2008) afirma algumas hipóteses: Acredita-se que o desequilíbrio neuroquímico nos sistemas neurotransmissores da noradrenalina e da dopamina levaria ao TDAH por baixa produção dessas substâncias ou por sua subutilização.


Ou a disfunção do lobo frontal, responsável pela atenção, controle do impulso, organização e atividade continua dirigida ao objetivo, ocorreria por uma perturbação dos processos inibitórios do córtex e por  hipoperfusão do córtex frontal.

Existe uma associação do TDAH com hipóxia perinatal e neonatal, traumas obstétricos, rubéola intra-uterina, encefalite, entre outros.

Os fatores que interferem no desenvolvimento e curso do transtorno são o estilo de criação, a personalidade dos pais e fatores sócio-emocionais. Perdas e separações precoces também são apontadas.

O tratamento é feito com psicofármacos e psicoterapia infantil, geralmente se estendendo até a adolescência que é quando o paciente aprende melhor a lidar com sua impulsividade e com a realização de atividades frente a vários estímulos. Devemos ter em mente também que a participação da família é fundamental nesse processo para um aproveitamento melhor do tratamento, para que a família entenda que a criança não é assim porque ela quer, mas porque sofre de TDAH e não consegue controlar seus impulsos.

Mas e se meu filho não tem TDAH? Isso fica para outro artigo, onde discutiremos a ausência de limites na criação dos filhos e a falência da função paterna.

Continuem enviando suas dúvidas para o e-mail: leonardobozzano@hotmail.com





Fontes: 

CID -10 - Classificação dos transtornos mentais e de comportamento da CID 10: Descrições clínicas e diretrizes diagnósticas - Organização Mundial de Saúde, trad. Dorgival Caetano, Porto Alegre: Artes Médicas, 1993.

DSM IV- Critérios Diagnósticos do DSM-IV, 4a ed, Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.


ATUALIZADO:
Vídeo game sendo utilizado para trabalhar crianças com TDAH:
http://agencia.fapesp.br/17888

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