sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Medos Excessivos: Pânico ou Fobia?

É comum muitos pacientes relatarem o medo como um sintoma primordial que vivenciam quando algo vai errado em sua psiquê, de modo que vem sempre acompanhado de outras manifestações físicas ou psíquicas. Vamos procurar delinear a diferença entre pânico e fobia.

Fobia é uma palavra que vem do grego e significa "medo".  Já pânico é uma sensação intensa de medo e ansiedade. Para ficar claro e de forma didática vamos falar primeiro da fobia.

FOBIA

Do ponto de vista clínico, a Psicologia e a Psiquiatria definem fobia como um espectro de sintomas específicos que se manifestam em situações diferentes. A Fobia seria um medo irracional e muito intenso de alguma coisa ou alguma situação específica. O DSM IV (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 4a Edição) divide as fobias simples em cinco tipos:

Animais (aranhas, cobras, sapos, etc.);
Aspectos do ambiente natural (trovoadas, terremotos, etc.);
Sangue injeções ou feridas;
Situações (alturas, andar de avião, andar de elevador, etc.);
Outros tipos (medo de vomitar, contrair uma doença, etc.).

Então quando o indivíduo está exposto a uma dessas situações ele experiencia uma sensação de ansiedade muito intensa, medo irracional e a ação mais comum é evitar a situação, num movimento de fuga. A Fobia social é um tipo bastante comum de Fobia onde o sujeito desenvolve um medo sempre que está ou que se imagina em alguma situação social, que podem ser festas e reuniões ou até mesmo trabalho e escola. Atendia uma garota de 15 anos diagnosticada com Fobia Social que deixou de ir a escola, quase não saía de casa e basicamente vivia no próprio quarto. A intervenção nesse caso era difícil porque a paciente tinha um medo intenso de sair na rua e encontrar com pessoas. 

Fobias de animais são bem comuns também, podem algumas vezes estar associadas a traumas de infância (medo de cachorro, por exemplo porque foi atacada por um cão quando criança), ou um medo sem explicação aparente, como Fobia de sapos. Mesmo o paciente sabendo que o sapo não é um animal perigoso, mas ver um sapo lhe causa uma angústia indescritível. Esse tipo de fobia atua de forma tão inconsciente que mesmo se o sapo em questão for de plástico, de barrro, a pessoa ainda se sente desconfortável.  

Muitas vezes as fobias podem estar relacionadas com situações traumáticas da infância, que foram esquecidas (recalcadas como diz Freud, pai da Psicanálise), e voltam na forma do sintoma fóbico porque não foram elaboradas de forma adequada pela psiquê do sujeito. Em outros casos são uma série de associações ligadas a experiência individual da pessoa que acaba desenvolvendo a Fobia sem uma causa aparente. O caso é que a fobia vem sempre acompanhada do medo intenso, sensações físicas de taquicardia, falta de ar, tonturas, etc.


PÂNICO

O pânico é um sintoma de alguma psicopatologia. É descrito como uma sensação intensa de ansiedade e medo, acompanhado de uma série de sintomas físicos (taquicardia, falta de ar, náusea ou dor de estômago, dor abdominal ou diarreia, tontura, tremores nos membros), e uma vontade forte de ir para um local que considere seguro, além de pensamentos negativos que se repetem como se previssem algo catastrófico.  Nosso cérebro possui um sistema de defesa ancestral que nos permitia sobreviver ao encontro com predadores; desta forma, sempre que se sentir ameaçado o cérebro da pessoa envia uma série de comandos para o corpo para prepará-lo para fugir ou lutar, através de uma descarga de adrenalina e outras substâncias. No pânico esse mecanismo é ativado constantemente, sem que haja um perigo real.

Diversos transtornos tem o pânico como sintoma, como por exemplo o Transtorno de Ansiedade, Transtorno do Pânico, Fobias e Depressão. Dessa forma, é preciso uma avaliação com um especialista para determinar o diagnóstico e o curso do tratamento. 

No geral, tanto os quadros de Fobia quanto os que têm o pânico como sintoma, são utilizados medicamentos ansiolíticos (reduzem a ansiedade e o mal estar) e antidepressivos, mas é preciso que o paciente também faça psicoterapia com um psicólogo para aprender a lidar com suas Fobia/pânico, de modo a compreender melhor a si mesmo nessas situações.






Referências:

http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2011/06/especialistas-explicam-sintomas-e-tratamento-da-sindrome-do-panico.html

http://www.appi.org/Pages/DSM.aspx

http://www.psiqweb.med.br/site/?area=NO/LerNoticia&idNoticia=75

Kaplan, Wilfred. Manual de Psiquiatria Clínica. 2aEd.

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