sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

CRIANÇAS E ELETRÔNICOS- QUAIS OS RISCOS?

A geração atual vem se desenvolvendo cercada pelo avanço tecnológico numa velocidade assustadora. Vemos novos dispositivos ficarem obsoletos com muita rapidez e novos aparelhos eletrônicos surgindo no mercado, criando novas tendências e necessidades que antes não existiam. Hoje, é muito difícil ver alguém sem seu celular smartphone (que é praticamente um computador portátil), e muito fácil encontrar pessoas viciadas em tecnologia. Assim como seus pais, as crianças começam a ser bombardeadas pela tecnologia desde cedo, crescem em meio a televisores modernos, celulares, tablets e outros gadgets (dispositivos) eletrônicos com funções diversas. A questão que talvez muitos pais nem pensem é: "Quando isso começa a ser danoso para as crianças?"




HÁBITOS NOCIVOS DA MODERNIDADE 

Antigamente se brincava muito com as crianças, levavam elas para passear, havia mais interação. Hoje, estudos da Associação Americana de Pediatria mostram que as crianças passam muito tempo em frente a televisão, em média de 4 a 8 horas. Isso é muito tempo. Mesmo que sejam programas educativos, nada substitui a interação real com os pequeninos, uma vez que as crianças estão em pleno desenvolvimento e necessitam de contato real. O brincar estimula o desenvolvimento da psicomotricidade, ou seja, da percepção espacial, do raciocínio lógico/abstrato, da criatividade, da interação com objetos. Crianças que passam muito tempo "zumbis" assistindo televisão, mesmo que programas educativos perdem um pouco disso. Os pais não tem mais tempo para educar, tem que trabalhar jornadas exaustivas para poder sustentar a casa e dar conforto a família. Mas existe um preço que se paga com isso, esse modo de vida da nossa sociedade vem adoecendo muitos
indivíduos.

As crianças tem uma tendência natural em seu desenvolvimento a imitar os adultos e estão adquirindo esse vício por tecnologia. os brinquedos estão sendo substituídos por celulares, tablets, computadores, criando um cenário bastante preocupante. O celular, por exemplo, é um dispositivo essencial na vida moderna, foi (e vem) ganhando novas funções com o passar dos anos. Antes era algo de "gente grande", utilizado para comunicação a distância, hoje é quase um brinquedo. E os brinquedos de verdade estão esquecidos, assim como as brincadeiras de infância que tanto contribuem para o desenvolvimento infantil. É necessário que os pais atentem para esse fato e procurem não alimentar esse vício em tecnologia em seus filhos. 


QUAIS OS RISCOS DE CRIANÇAS VICIADAS EM TECNOLOGIA?

Lembro de um paciente de 13 anos que atendi certa vez. Ele estava viciado em jogos por computador, passava até 10 horas no computador, quando era censurado por sua avó, que o criava. Quando não havia essa censura, chegava a passar muito mais tempo em frente a tela. Abandonou a escola, tanto por faltas quanto pelo baixo desempenho nas matérias, não conseguia se concentrar nas aulas, praticamente não se relacionava com outros de sua idade. Diagnóstico? Algo que costumamos ver apenas em adultos: vício por jogo e compulsão. No caso, jogo eletrônico, mas o mecanismo é o mesmo. 


Crianças viciadas em tecnologia ou sem limites no acesso a esses dispositivos eletrônicos podem sofrer uma série de consequências, dependendo da idade e do tempo de exposição. Por exemplo, os bebês se desenvolvem fisicamente muito rápido, seus cérebros rapidamente nos primeiros anos de vida. Durante esse período os estímulos ambientais são muito importantes para determinar o quão eficiente será o desenvolvimento cerebral. Estudos mostram que a superexposição a eletrônicos nesse período pode ser prejudicial e causar déficit de atenção, atrasos cognitivos, distúrbios de aprendizado, aumento de impulsividade e diminuição da habilidade de regulação própria das emoções. Outro problema é a obesidade. Crianças antigamente corriam muito, brincavam gastando energia, hoje brincam no quarto, na sala com celulares, tablets e computadores. A diminuição da atividade física, aliada a má alimentação aumenta os riscos de obesidade na infância. 

Ficar até tarde vendo televisão ou jogando nesses dispositivos pode afetar o sono, fazendo com que a superestimulação deixa a criança em estado de alerta, atrapalhando o horário normal de sono. Criança que dorme tarde e acorda cedo não rende na escola. Outro problema é o déficit de atenção, que é muito comum hoje em dia. A quantidade de estímulos com o qual a criança é bombardeada através dos eletrônicos pode levá-la a desenvolver dificuldade de atenção e concentração. Excesso de estímulos é algo prejudicial para os pequenos. Fora tudo isso mencionado acima ainda temos os problemas emocionais causados pelo uso constante de dispositivos, que acabam privando as crianças de contato social e potencializando que as mesmas desenvolvam instabilidade emocional, baixa tolerância a frustração, ansiedade e até mesmo transtornos mentais.


O QUE FAZER?

Algumas dicas para você que tem filhos pequenos e gosta de ter muita tecnologia em casa:

-Limitar o uso de aparelhos eletrônicos pelas crianças, limitar também o tempo de uso. 

-Saiba o que seu filho está olhando. Redes sociais são um perigo para crianças, esteja atento ao conteúdo que seu filho está acessando, seja na TV, computador, celular ou tablet. Aplicativos de conversação como Whats App, Viber e Telegram também devem ser monitorados ou restringidos pelos pais.

-Evite muitos aparelhos eletrônicos no quarto das crianças. Quanto menos a exposição prolongada, melhor.

- Conforme a idade dos seus filhos, tenha conversas críticas acerca dos programas que eles assistem, com o objetivo de desenvolver o entendimento de valores familiares.

-Limite o uso de videogames, estabeleça um tempo por dia para uso desses dispositivos. O ideal seria no máximo 2 horas por dia.

- Quanto menor a idade, menos é o tempo indicado para que a criança use aparelhos eletrônicos.

-Saia mais com seus filhos, converse e brinque mais com eles ao invés de deixá-los vendo TV, jogando no tablet ou no celular.

-Incentive a prática de esportes. 

-Troque o programa infantil no tablet/celular por um livro. Leia para seu filho, estimule a criatividade e a imaginação dele.

Referência:

Associação Americana de Psiquiatria http://pediatrics.aappublications.org/content/132/5/958.full

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